A Garganta da Serpente
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PRIMEIRA PESSOA

Não gosto de poemas na primeira pessoa
Dizendo: "Este sou eu",
Quando decifro armadilhas
E labirintos que abomino.

Consome-me
Tal necessidade de confronto,
Esta balela de luz no fim do túnel
Ou de amores regados a mel.

Sou furibundo
(e aqui me contradigo),
não por acaso,
mas pela atração
pela futilidade.

Nem sempre há conteúdo no belo
E o estivador pode conduzi-lo
Ao paraíso que só ele conhece
De um sexo impraticável a olho nu
Feito de odores e suores
Insuportáveis
E esperma farto
Que certamente
Descerá goela abaixo.

Ah, quão delicioso é o desdém
Dos que comem
E não arrotam caviar!
Aliás, isto não fará sentido
Quando estiver no vão de um muro
Ou no estofado gasto
De um automóvel barato.

Oh Deus dos sacripantas,
Senhor Deus de Saint Genet,
grava em meu traseiro
A ex-libris
Dos safados
Contentes.


(Tom)


voltar última atualização: 07/08/2007
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