A Garganta da Serpente

Tony Anders Barbs Couty

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

INCONSTANTE...

Num passado imperfeito as paixões foram ficando
O noturno soprar dos ventos me restando
Motivando idéias suicidas
Brisas de aromas cemiteriais tornadas
Trazendo lembranças vagas inconformadas
Apagam-se as paixões, eternizam-se os amores
Como o luzir da Lua nos noturnos corredores
O vinho amargo ameniza as nossas dores
O tempo nos faz compreender
Ser infeliz é dizer:
Amar o desamado é o meu querer.

Sombras que me consomem desde o princípio
Não as sinto mais, preciso desse vício
As luzes venceram divinamente
A batalha cessou temporariamente
Escuridões escondem-se no inconsciente
Levando nos braços o manto do poder
Não alegro, sim, entristeço em perceber
Podes um ser o destino perder
Angustias como essas não há maior
Somente em frente as faces torna-se menor
A maldição de ser dois num próprio é ainda pior.

Deixem-me nas trevas
Silêncio, melancolia e escuridão
Minhas noites são depressivas
Meus sonhos uma ilusão
Dias mortos, noites vivas
Trazem descanso para meu coração
Suavizam as intensas dores
Não haverá mais perseguição
É deserto aonde quer que olhares
Seguindo para o martírio
Brindando com sangue um destino.

O passado persegue-me incansavelmente
Em momentos do riso torturado
Planos até então diluídos na mente
Ressurgem os sentidos ressaltando
Deixem-me na pureza, vos imploro!
Não lhe bastam os sentimentos malignos todos
Nem as ilusões causadas incessantemente
Serei bravo e heróico mais que todos vós
Não me afogarei em perdição
Aqui jaz um ser sem limites
Um homem sem temores.

Noites de insônia na cela ou em qualquer outro lugar
Implorando procuro por um luar
Entre as nuvens negras e no mar.
Apareça para mim deixando te sentir
Toma sentido o viver lhe vendo surgir
Nos meus olhos há brilho do teu luzir.
Em tua natureza quero me viciar
Sua magia é de extasiar
Sem tê-la a abstinência faz a existência apagar.
Perfure as formas sem te diluir
Juro que irei desfalecer se um dia ainda lhe vir sorrir
Imagine se meus lábios nos teus se unir.

Vamos aos campos sagrados chegar
Lâmina nos pulsos pronta para deslizar
Resistência não irá adiantar
A dor se faz forte, mas, não se pode parar
É preciso o amor alimentar
Quando a canção acabar irei começar
As madrugadas não há mais porque esperar
Os luares me fazem chorar
Vivo pesadelos a sonhar
Agora já é hora de deitar
Ouço vultos a cantar
Meu sepulcro venha por fim fechar.


(Tony Anders Barbs Couty)


voltar última atualização: 08/02/2011
11930 visitas desde 10/06/2008
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente