A Garganta da Serpente

Ubirajara Sá

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

O Computador e a Canção

Após saborear umas duas ou três taças de vinho,
Ouvindo Mireille Mathieu, e, logo depois, Charles Aznavour
Sentei-me diante de um computador; um pouquinho
De tristeza, parce toujours je suis distance de mon amour...
Um computador que não ouve, mas que obedece:
Frio n'alma; morto por dentro; vazio; companheiro...
O primeiro que sente os meus dedos frios, um verdadeiro
Asno das letras e pensamentos; cruel, não esquece
Nada do que nele se traça...
Uma desgraça!

Só eu sofro diante do seu teclado negro e fosco...
A canção ofusca-me a mente
Eu fico pasmo, quase enlouqueço; tosco
E agreste, ele me acompanha, dementemente...
Mas Aznavour com sua voz maravilhosa canta
E com uma brejeirice entorpecente
Alevanta um morto que me ia enrolado na manta
Sob o olhar e o roçar de uma ardorosa vendeira
Que aos meus ouvidos sussurrava ais de La Violetera.


(Ubirajara Sá)


voltar última atualização: 03/08/2010
9921 visitas desde 30/12/2009

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente