Sóis e silêncios
tentas ver.
mais que isso.
tentas enxergar.
mas a escuridão é o teto da noite em que te fechas
espessa de ti mesma.
um bocado teu que treme.
como quando falas com as mãos em gestos largos (trêmulos),
um jeito de quem nunca sabe onde deixar que elas repousem.
sobre o peito?
sobre o peito.
entre as pernas.
agora trancamo-nos no frio
de nossos movimentos inertes.
mas, ainda existimos em tudo.
o que é nosso e sempre será.
nas palavras pérfidas sobre os diários
nos dias intermináveis
nas horas cinzas
nas histórias que penso ser capaz de escrever
pensamos
mas, que sei eu da tua vida?
que sabes tu da minha?
escreves também:
eu, desejo vernáculo.
e sem medo da queda, escrevemos, pois que do chão não passamos.
(Ulisses Borges)
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