A Garganta da Serpente

Ulisses de Abreu

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Só o tempo realmente escreve

Pudesse eu modificar meus sonhos
Deixá-los sempre em quarentena
Disciplinados e conseqüentes
Prevenindo o imprevisível.

Pudesse eu voar sem minhas asas
Deixá-las ao lado de um velho espelho
Empoeiradas e adormecidas
Voar sem asas um céu inteiro.

Pudesse eu refazer meus passos
Dar-lhes um tom azul vermelho
Dar graça às coisas que não tiveram graça
Conhecer-me onde não existo.

Pudesse eu invadir os pensamentos dela
Ir de galho em galho
Buscando-me
Procurando meus vestígios
Montando-me aos poucos
Crescendo dentro dela
Como ela cresce dentro de mim.


(Ulisses de Abreu)


voltar última atualização: 29/11/2007
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