Êxtase
Dois momentos fazem extasiar-me.
O amanhecer e a madrugada.
Momentos que se seguem, juntos.
Mas unicamente belos.
Completos em si.
Eles dizem: nós somos a profundidade!
Aquela em que os sentidos renascem.
Não o dia, mas o nascer e morrer o dia.
O dia não dança.
O dia se arrasta e não oferece
o tempo necessário para absorvermos e sorvermos.
O dia mata a alegria.
O dia desencanta.
Pois ao amanhecer ouvimos os pássaros...
E tudo é silêncio.
Na madrugada os grilos e as estrelas
brilham com um sândalo orvalho...
E tudo é silêncio.
De dia há sons tantos
que não ouvimos nenhum.
E todas as verdades querem cavalgar.
De dia não há tempo.
Exceto para a obrigação.
A noite se aproxima.
Com ela a madrugada.
Na madrugada se dança.
Pela manhã se ama toda a vida que nasce,
uma a uma, a cada dia.
(Vanessa Rocha)
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