A Garganta da Serpente
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Sob a luz de mercúrio,
teus fios de prata reluziram.
E nada ofuscava mais,
nem os piscantes letreiros eróticos,
nem os faróis dos carros indiferentes.

Sozinha na rua tumultuada,
tua figura reinava.

Não havia o cartaz da peça,
a bilheteria confusa, o pipoqueiro,
nem as senhoras com pérolas
e sedas nas saias.
Não havia o anúncio de cigarro,
os semáforos e as luzes,
nem os táxis, os táxis, os táxis...

só mesmo uma mescla de estímulos
formando um fundo perfeito,
emaranhado de cores e fumaça
sobre o qual te destacavas:

rendas de concreto, gigantescas
toalhas de asfalto negro,
espirais de letras, neons e back-lights,

e tua prata num pedestal de pele,
cintilantemente solitária.


(Vany)


voltar última atualização: 11/12/2007
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