A Garganta da Serpente
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SEGUNDA PESSOA

Tirei os meus sapatos, decerto não imaginavas
Que amo sentir a areia sob meus pés a vibrar
Também voltaste descalço, e vi então como olhavas
Com olhares de cobiça para mim e para o mar

Sob os óculos suspeitei, mas tive então a certeza
Ao tocares meus cabelos sem que te ouvisse pedir
Soube por que é que vieste com essa delicadeza
E essa musica que cantaste, essa sim, pra eu ouvir

Me pediste em casamento numa igreja em restauro
E querias aquelas flores que enfeitavam o altar
Nem me lembrava mais como esse meu centauro
Era avesso a compromissos, de tanto se compromissar

E no livro que freqüenta hoje minha cabeceira
Tem a tua dedicatória com a mão esquerda escrita
Só usas segunda pessoa pra que eu me sinta a primeira
Mesmo sabendo não ser, a mais lembrada, a mais bonita

Para mim outra ilusão, para ti só mais um caso
Na leveza da tua vida pontilhada de mulheres
Já não culpo mais o tempo por ter chegado em atraso
Só o que me importa agora é como e quanto me queres.


(Vany)


voltar última atualização: 11/12/2007
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