A Garganta da Serpente

VestidadeÁgua

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Com licença, Poetas!

Quando nasci, um anjo distraído,
desses que vivem nas nuvens, desejou:
- Vai, menina! Navegar em águas tranqüilas.
Que ledo engano! As águas caminham
rapidamente e eu nem aprendi a nadar...
Preferi deixar que os ventos
vazassem as minhas asas
e rumei ao infinito, com os olhos de uma poeta.
Enxerguei flores nas pedras,
Encantei-me com a tempestade dourada
Afoguei-me num mar de lágrimas
Acreditei no silêncio de cascatas
E num frenesi total,
fiz da vida uma serenata.
E entoei os meus cânticos
Rodopiei nos desencantos
Esfacelei-me em cada canto
Mas meu sorriso, no entanto,
fez uma estripulia na tela
deu-me o cinza no olhar
mas o vermelho no sentir
E pulsei, galguei, investi!
Não naveguei em águas calmas
mas caminho em solo firme
E os meus passos levitam
quando estou a sonhar...
Aí sim, alço os meus vôos
Procuro pelo meu anjo maroto
Que sem harpas, todo absorto
oferece-me um sorriso meio torto
como que procurando luz!
E acendo a minha chama
E brilho tal qual diamante
numa noite de luar
Aconchego-me em sua alma
E sussurro lentamente...
- Grata, por me ensinar a voar!


(VestidadeÁgua)


voltar última atualização: 26/05/2007
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