A Garganta da Serpente

Vitor Schmaltz Martins

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Noite Escarlate

Doce sabor da noite
com gosto amargo do láudano
e com a textura imutável da lágrima
De onde vem essa claridade intensa?
De um luar majestoso
sobre nossas cabeças
Sim! sinta a brisa!
é a ultima vez que a sentirá como sentes agora

Do teu passado erguestes uma torre de
ódio e infidelidade
Agora aproveite que entre a escória do mundo
és o melhor dos reis
domina a noite como um de seus filhos
E nada entre o esplendoroso liquido escarlate
Sente o pulso como o começo de uma nova morte
de um final se iniciando em meio à vida
Que inoportunamente cruzou-lhe o caminho

Ah, imortal luxo maldito, o que ainda poderás ensinar-me?
ensinou-me a amar como um demônio
ensinou-me a deliciar-me como se não houvesse amanhã
e mostrou-me que o mesmo sempre haverá

Te odeio, meu pai e criador!
Me transformaste em um monstruoso ser de alma vazia
de coração insípido, e face gélida
Te amo, meu pai e criador...
que me protegeu nas horas de esconjuro social
marcou-me eternamente com essa pútrida dádiva
Me tornou o melhor dos melhores

Espero um dia encontrar a paz, e sair desse eterno purgatório mental
pelo qual estou cercado.

Boa noite meu pai,
Durma como um anjo de asas negras, cujo o pai dos pais negou das alturas
e acorde mais uma vez pra nossos dias magnificamente tediosos.


(Vitor Schmaltz Martins)


voltar última atualização: 05/10/2004
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