O SENTIDO NO OLHAR

Há um sentido no olhar?
Dispara o coração anárquico
na sombra do inconsciente,
em que atua o sumidouro da alienação.
Para desanuviar, aspira o oxigênio do gás,
do ouro se faz brincos...

Conduz a testa ao nada no céu,
percebes movimentos místicos?
Contradições científicas?
Queixas religiosas?
Notas sinas devassas?

Que tal sentir uma língua vibrante de arrepiar
em rituais de seres em transe circular,
em danças de atratividade sexual,
em corpos em galopes incontroláveis,
saciados por transpirações leitosas?

Sem rodeios, a palavra certa é falha
como discursos iluministas,
inócua como tratados ideológicos,
enganadora como promessas políticas
e falsa como amores de carnaval.

O que eriçam os pêlos:
a beleza desconhecida,
mulheres vulneráveis às cores,
corpos que se penetram com alegria
na base de toques que encantam flores.

(Vila Velha - ES, 2007)

(Wagner Chaves)