A Garganta da Serpente

Walmor Dario Santos Colmenero

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RÉQUIEM ESPANHOL

(a Federico García Lorca)

Um...
Um...
Um poeta...
Um poeta...
Um...
Um...

Quando eu me for,
aparecerão muitos Federicos, muitos Garcías, muitos Lorcas,
vivendo na santa paz do amor,
morrendo em todas as forcas.
Quando eu beber do líquido da revolução,
alguém empunhará a outra mão!

A Espanha será totalmente livre,
com seus cantores noturnos
e a mesma Espanha que tive,
a mesma dos gaviões soturnos.
Quando eu beber do líquido da opressão,
alguém empunhará a outra mão!

Eu terei partido!
Como um errante que vai!
Terei morrido!
Parido do ventre! Ai!
Quando eu sorver do gosto imundo dos generais, então
alguém empunhará a outra mão!

Ah! Mas eu não quero perder os meus touros,
os meus castiçais.
Quero a tua luta armada vencer,
beijar a bailarina que a Espanha faz.
Quando eu lamber do vinho acre do meu mau irmão,
alguém empunhará a outra mão!

Grite Espanha, fique vermelha!
Não deixe os teus filhos
mancharem a bandeira que espelha,
força, fé, estribilhos.
Quando eu fechar os olhos de ancião,
alguém empunhará a outra mão!

Haverão mineras, bullerias, cantilenas,
assim como pacos, joaquins,
haverão milhões de madalenas,
que habitarão os teus jardins.
Quando meu sorriso for de gratidão,
alguém empunhará a outra mão!

Aí sim, eu ouvirei na arena,
o meu povo, Mejías, meu hino,
a minha morte será serena,
ouvirei meu próprio sino.
Quando meu suspiro for de exaustão,
alguém empunhará a outra mão!

Um...
Um...
Um poeta...
Um poeta...
Um...
Um...


(Walmor Dario Santos Colmenero)


voltar última atualização: 25/02/2007
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