Foto-poema do orgasmo
Retenha toda luz
no teu glóbulo de rosa
líquido e borbulhante
qual bromélia luminosa
com dentes de agulha em brasa
as unhas cravadas
cintilantes
no músculo mais rijo
e latejante
e só por um segundo
não se mexa
Sinta o fluido fremente
De uma gárgula em convulsão sob a pele
subir frenético do centro da Terra
rasgar os séculos adormecidos
na tua veia mais íntima
cair como estrela sangrando
na face trêmula
da noite
Dilacera-te
de ponta à ponta
num espasmo profundo e lento
Triture em mil tentáculos
toda a alma
das palavras proibidas
de todo
e por todo o teu vocabulário mais sujo,
e antes de gritar "Deus"!
congele este momento para sempre...
Abra os olhos
e leia por dentro
a fusão mais tênue
e suicida de nós:
esta foto em leite
e
s
c
o
r
r
e
n
d
o
o mel do Mundo,
ungindo o ar.
(Willian Delarte)
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