A Garganta da Serpente

Willian Delarte

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Natal de Iroko

Ogum ergue sua espada
e fatia
num arranha-céu
de lâmina
o carbono-ar da metrópole

Uma minhoca de ferro
rasgando o chão
faz ferver
as artérias de Nanã

Oxum se derrama
por sobre a imagem
não refletida no Tietê

engravida o opulento rio
e faz jorrar sangue
e mel
no interior das casas
em d
       e         p
         c   m    o
           o           s    ç
                          i       ã
                                     o

Xangô paralítico
se faz lodo no intestino
de toda pedra
fincada
no Palácio da Justiça

Eis quando Iroko
transpassando o céu
emerge
revestido de metal luzente
qual gameleira infinita de natal

(são milhões de papais-noéis mortos
fertilizando as raízes
que enjaulam a cidade)

- Atotô, atotô, atotô...
apita o trenó de Omulu
que vai levando todas criancinhas para o céu


(Willian Delarte)


voltar última atualização: 08/02/2011
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