A Garganta da Serpente

Wilson R.

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SOLITÁRIA ÁRIA

Dos amores que sentia, arremedo, medo.
Brusco, notei que não morria, ria
do tempo, da voracidade, idade.
Parecia não suportar mais ais.
Ah! Sentimento abrangedor, dor.

Hoje, de noite, certos horrores medo da solidão dão.
Antes, no silêncio que acompanhava arrepios pios,
solitário, o eu poeta não queria companhia, ia
seguindo a sina devida, vida,
tentando tirar da aparente desgraça, graça.

De vez em quando, a manhã recendia e ardia, dia.
Mandava a solidão embora: fora, ora!

A alma não mais sofria, fria,
era já criatura amada, ardente ente.
Apesar de tudo, o mais belo elo
que entre laços o peito arrematava, matava,
nunca trouxera medo e não suspeitava, peitava.

Ah! distante e doce calor, clamor, amor,
tantas vezes se construindo, destruindo, vindo, indo.

Encontrar-te onde te deixei, hei!
Recuperar-te de onde te larguei, hei!
Embeber-me novamente nas lágrimas que enxuguei, hei!

Arrebata-me, mata-me, ata-me.
Só em tua falta consigo pensar, ar,
ar que respiro, paixão atrevida, vida
que tanto pranto me faz derramar, amar,
que desejo mais depois de ter partido, ido.

Mas o eu poeta tem paciência, consciência, ciência.
Sempre por ti reclama, clama, ama.

E no momento em que estás ausente, sente:
que é amor que o sustenta - tenta;
que é amor que ele procura - cura.


(Wilson R.)


voltar última atualização: 26/04/2005
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