A Garganta da Serpente
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

DES UNO

A substância se dissolveu no verso líquido
O sujeito se escondeu no gesto tímido
E virou outro
O acidente sofreu
O centro sumiu
O uno se desuniu
O múltiplo se unificou

O sujeito foi estuprado pelo predicado

A substância se acidenta
As partes fugiram pra longe
Onde o todo não seja senão um tolo à margem do rio
Derramando-se na própria imagem parada
E quando perguntam sobre as horas
Elas já foram embora
Junto com seus jás
Com seus agoras

Sujeitos
Andem logo
O verbo não liga
O trem não passa pra quem não quer partir
Sujeitos
Tirem as máscaras e sintam o sabor
Da cor da rima
Do verso cético
A realidade banha-se em águas curvas
O reflexo tronxo
De um espelho tentando ver
O que nunca se viu

Vejam (ou tentem) parar a imagem
Parados movam-se com a miragem

A síntese estagnou o eixo do mundo
A substância amarrou o número um
Uno não é nu
Todo não é corpo
O que existe é este grande não de mim
Que não é mas sente
Fluido
Sopro
Cor das cores
Som duma flauta doce navegando nas ondas do rio que devolveu o verso ao mundo

Unir
De quem a quem?
Não há pólos
Eixos
Pêndulos
Desuniram-se todos da Substância Maior
Da maior síntese
O maior ápice de quem só é
Mas não sente
Não sobe nem desce
Tal é o topo da pirâmide das substâncias
Unir
Unir
Unir
Objeto em objeto
Reto no que é reto
Não há criação?
Onde está o caos?
Abundante caos
Diga-me onde está a criação
Pra que possa destruir este ponto final

E depois dos após tudo voltará a não ser nada
Sim - não quero mais negar
Sim - sujeitos
Voltemos ao pó


(Zadig)


voltar última atualização: 19/01/2004
7775 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente