A Garganta da Serpente
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Ao entrares por alguma porta desconhecida
Finge não vir ao meu encontro
Que eu fui dormir na rua
Sê a tua vontade mais clara de chegar sem te notarem
Chega e senta junto ao meu lado
Como se eu não estivesse ali - contorcido
Age desconfortavelmente do teu jeito de se ver no espelho
Despojada
Irrequieta
Nada aconteceu no dia para se achares bela
Sê unha mastigada
Tira os sapatos e deixa invadir o ar todos os cheiros de todos os ódios que tiveste hoje
Estou ali completo tapete coberto pela multidão
Dos teus ídolos mais íntimos
Chega avassaladora como um ataque surpresa
Sem vaidades honestas demais
Sem risos moderados
Que eu sofrerei ao teu lado
Como nunca sofri distante da tua nobreza
Que eu sufocarei os meus trejeitos por te esperar única
Finge não fingir
Despe tua timidez elegante
Que eu seguirei os teus passos
Em cada fechadura aberta
Em cada instante nato
Ao entrares nada
Meu gesto seca
Pulso desregulado
Entra sem se ver apropriada
E que o balanço se quebre
Cede alimentares outra força irrompedora
Olha como se eu nada
Silenciosa louça
Deita e dorme
Fragrância nua dos braços
Chega sem violência sonora
Antes de me abraçar
Deita
Orações desniveladas
Soluços distantes
Deixa-me ser ao menos uma vez tua solidão imperial
Antes de seres tudo era impavidez
Ao entrares sem algum consolo
Vive sem que eu te abrace
e mesmo que te saibam
Dorme


(Zadig)


voltar última atualização: 19/01/2004
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