A história abaixo é real, porém os nomes dos personagens
foram trocados para manter a privacidade deles.
Era uma vez uma menina pobre chamada Ana do Povo, seu sonho era fazer um cursinho
para ser jornalista, mas seus pais obrigaram a garota a fazer Magistério,
no ano de 1989.
Em 1992, após concluir este curso, mesmo sem dom para lecionar, Ana fez
um concurso para dar aulas na prefeitura e foi obrigada por seus familiares a
fazer vestibular para Letras.
A moça estudou muito, noite e dia sem parar. Assim, ela passou nas duas
provas.
Alguns meses após entrar na faculdade, já com dezenove anos, Ana
foi chamada para dar aulas numa escola pública.
Chegando nesta escola, ela foi recebida pela zeladora, que a pediu para que aguardasse
a diretora na sala dos professores, onde havia uma janela ampla para o pátio.
Daquela janela, Ana viu uma criatura estranha descer de um carro FIAT e abrir
os portões da escola.
Ela viu uma mulher muito esquisita : uma criatura loira oxigenada, com cerca de
cinqüenta e poucos anos, olhos verdes, pele avermelhada, com mini - saia
de pele de tigrinho, top super decotado com pele de onça e bota cano -
longo com bico fino.
Então, a zeladora entrou novamente na sala dos professores e pediu para
a moça que ela aguardasse a diretora e as outras professoras para uma reunião.
Nesta reunião, ela descobriu que aquela criatura bizarra que ela tinha
visto pela janela, era a própria diretora da escola, chamada Maria Turquesa.
Então, esta diretora decidiu, olhando para Ana com uma cara de desprezo,
que a garota iria fazer serviços de limpeza e dar aulas de Educação
Física.
Após mandar as outras professoras para suas atividades, Maria Turquesa
ordenou que Ana e a zeladora desenhassem, nas cartolinas, bichinhos para a decoração
das salas de aula. Ana, humildemente, falou para a diretora que não tinha
dom para desenhar e possuía problemas de coordenação motora,
por causa de uma seqüela de uma doença que teve quando ainda era um
bebê . Mas, Maria Turquesa chamou a jovem professora de preguiçosa
e afirmou que ela tinha obrigação de desenhar. Então, Ana
estava tentando desenhar, quando a diretora arrancou o lápis da sua mão,
disse que o desenho estava torto e a chamou de imprestável. Como uma reação
natural, Ana caiu em lágrimas e Maria Turquesa a mandou limpar os banheiros.
Todos os dias de Ana, naquela escola, passaram a ser um inferno. Ela era humilhada
todo o segundo pela sua chefe, que a chamada de burra na frente dos alunos.
Além disto, Ana notava um comportamento estranho na diretora da escola
: tinha vezes que Maria Turquesa dançava no pátio e, ás vezes,
ela chorava na sala da diretoria.
Algumas vezes, num frio abaixo de zero, Ana via que a diretora aparecia com o
nariz sangrando e, com toda a ingenuidade do mundo, a jovem achava que sua chefe
estava com insolação.
Um certo dia, Ana estava limpando a secretaria e atendeu um telefonema que era
para Maria Turquesa. Então, a jovem entrou na sala da diretoria, sem bater,
e viu a diretora cheirando um pó branco e esquisito.
Assim, Maria Turquesa olhou para trás, puxou a garota para dentro da sala,
trancou a porta, agarrou Ana pelo pescoço com suas unhas afiadas e ameaçou
a professora.
Porém o pescoço de Ana ficou marcado e ao chegar em casa sua família
fez com que a jovem confessasse o que tinha acontecido.
No dia de seguinte, o pai da professora foi armado conversar com Maria Turquesa,
que tremeu de medo o tempo inteiro.
Então Ana decidiu pedir demissão e a partir daquele dia a jovem
jurou que nunca mais exerceria a profissão de professora.
Assim por causa dos traumas a moça passou a ter pesadelos com Maria turquesa.
Desta maneira, decidiu consultar psiquiatras e até hoje toma remédios
de tarja preta.
Como Maria Turquesa não foi denunciada nem por Ana e muito menos pelos
seus familiares, ela passou anos na direção da escola e conseguiu
ser reeleita graças aos votos do povo. Pois o povo como Ana, também,
é cego e até hoje pensa que Maria Turquesa sofre de insolação.
Por isto, o nome desta história é Ana do Povo.
Somente no ano de 2002, através de pesquisa, Ana descobriu que aquela diretora
foi amante de um traficante, chamado Balaio, muito perigoso da favela do Triângulo.
Hoje, estamos em 2006, e Maria Turquesa se aposentou. Ela nunca sofreu nenhum
tipo de punição.