A Garganta da Serpente
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O desejo trapezista

(Simone Malaguti)

Era fim de noite num bar boêmio, tradicional. Sentia-me uma dama. Eu, linda, de rosa e preto; boca brilhante, olhos brilhantes, pele brilhante: eu reluzia. E você, você também me iluminava com teu olhar. Eu, bela como sempre, me contorcia por dentro: era a trapezista do circo, com maiô de organza, bordado com estrás e lantejoulas, delicadamente soltando pontos luminosos para quem observa... a trapezista com maiô de organza com asas de anjos costuradas nas costas; a trapezista balançando, se jogando de uma corda para outra, se enroscando na barra, pende com as pernas, levanta os braços, rodopia e acena, e os cabelos esvoaçantes... A trapezista se contorce.

É quando o desejo me lança para você... o desejo me arremessa assim e faz de mim trapezista.

Éramos eu, você e o desejo, trapezista, nesse bar boêmio, fim de noite.




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