A Garganta da Serpente
Cobra Cordel literatura de cordel
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Canta Dores e Amores

(Cynthia Oliveira)

Minhas senhoras, meus senhores,
Agora vou lhes contar
Uma história de amores
Que sua vida vai marcar.

É a história de um homem
Que chegou na Capital
Trouxe na mala saudade
E um grande manual.

Seu nome é salvador
E ele tem muito talento
Não desiste da sua vida
Nem dá bola pro mau tempo.

Minhas senhoras, meus senhores,
Ainda vou lhes contar
Algo sobre duas moças
Que na história vão falar.

A Arthe é carioca
Vocês podem imaginar
O quanto de alegria
Essa moça vai nos dar.

A outra é a Socorro
A mulher de Salvador
Ela ficou lá no Norte
De onde é seu grande amor.

Mudar tudo em uma vida
Pode ser muito difícil
Mas pra melhorar o rumo
Valerá o sacrifício.

Vamos brincar mais um pouco
Com os versos de cordel
Sei que vai querer ouvir
Como abelha quer o mel.

Salvador tem a tristeza
Fala em dor o tempo todo
Tem ainda a Socorro
Que só fala em mal e lodo.

Não esculacho a pessoa
Esculacho a atitude
Não dá pra mudar o mundo
Com essa fronte amiúde.
.
Peço pressa à Salvador
Que aproveite a cidade
Busque logo com alegria
Essa tal felicidade.

Aqui na cidade, aviso,
Não há espaço pra dor,
Se ele não mudar seu canto
Vai ver a cara do horror.

Largou no canto a lágrima
Não deu tempo pro azar
Mudou o tom de sua cor
Deixou a Arthe lhe ajudar.

Disse: "- Aqui não é seguro,
Mas se quero a mudança
Ando logo, pego o riso,
Pra atrair a tal bonança."

Mas ainda há outras vidas
Vou contar para vocês
É a história de um menino
Que do azar já é freguês.

Ele dorme ao relento
Esmola em todo canto
E não conhece a Arthe
Sua vida é um quase um pranto.

A ele, mando recado:
Cada coisa tem seu dia
Hoje se consegue o pão
E amanhã a alegria.

O menino do relento
Não consegue muita sorte
O seu tempo vai passando
E em sua vida há um corte.

Sob o céu da meia-noite
Ele morre em meio ao fio
De amargura e de tristeza
E de mágoa, fome e frio.

São dois lados da moeda
Às vezes não dá tão certo
Tem pessoa que se entrega
Faz da vida um deserto.

Tem gente que passa fome
Tem gente que passa frio
E assim fica difícil
Manter forte o próprio brio.

Mas se a vida dá rasteira
E se cansa a andança
Então mesmo é que precisa
Realizar a tal mudança.

Se o dinheiro faltar
E a saúde se ausentar
É preciso fé e força
Para tudo melhorar.

Mesmo com tanto entrave
O homem tem que acreditar
Precisa fazer a ponte
Para arte lhe alcançar.

Alguns se afogam na vida
Bebem álcool, tomam porre,
Mas não largam o sorriso
E a coragem nunca morre.

E eles não morrem nunca
Poetas do dia-a-dia
Cantam a dor e a saudade
Vira tudo alegria.

A arte chega pra todos
Quem decide é você:
Se vai ficar deprimido
Ou se vai mesmo é viver.

Na vida tudo é difícil
Todo mundo vai saber
Mas pra quem quer a vitória
Tem que lutar pra vencer.

Muitos vêm de muito longe
E conhecem muitas dores
Vez ou outra caem em pranto
E quase morrem de amores

Tem que controlar o choro
E lutar com esperança
Porque junto à persistência
Surge a PERSEVERANÇA.

Hoje eu sou um cantaDOR
E canto com maestria
E mesmo que haja dor
Vou viver com alegria.

Só não vale a covardia
Só não vale a ausência
Pois até para acordar
Tem que ter é paciência.

Mesmo dentro de um túnel
Você tem que insistir
Mesmo sem ver a saída
É preciso persistir.

Vida é uma tela em branco
Tem que rechear de cores
Vale cor de todo tipo
Vale até a cor das dores.


E quando surgir receio
Ou o medo da batalha
Grite logo por Socorro
Que a Arthe lhe agasalha.

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente
http://www.gargantadaserpente.com.br