A Garganta da Serpente

Manoel Guedes de Almeida

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Sobre amor e ilusão

Depois de um tempo você percebe
Sei que percebe,
Que o amor não é absolutamente nada
Do que você achou que o fosse,
Que as músicas eram apenas co-incidências
E os olhares eram apenas ilusão.
Percebe que amor é pura necessidade fisiológica
E que tateara na vida como um cego no escuro, perdido, sem direção.
Percebe que o que é sensível ao toque não é amor,
Pois o amor não pode ser sentido com o sentido do tato.
Então, se lembrares que um dia ouvira " eu te amo muito!"
Esqueça...,
Pois não se pode medir o que
Não se pode conter.
Mas você percebe, sei que percebe,
Que aceno com a mão não é flecha de cupido,
Que quando lhe dizem, e várias vezes dirão,
"Eu te amo" como se fosse "bom dia",
Percebe que "eu te amo" quis dizer exatamente "bom dia"
Mais nada.
Porque se se é amor,
Não há tempo que o prenda ou o restrinja;
Não se ama por uma noite ou final de semana, ou mesmo por anos,
Só se é amor se se é pra sempre.
Mas você já sabia disso...,
Sabia que as pessoas mentem pra lhe d-e-i-x-a-r feliz,
E se não há nada que lhe deixe mais feliz
Que alguém que te ame de verdade,
Se você não tem nenhum hobby,
Não joga bola, não faz caminhada,
Não assiste a peladas com os amigos....,
Não se desespere (muito)
Existem várias formas praticamente indolores de suicídio
Que lhe vão ser muito úteis adiante,
Quando descobrires que toda a sua vida
Não passou da realidade.
E quando perceberes que o amor não se escreve em cartas
E não se lê em livros ou se vê nos "beijos de amor" dos filmes,
Quando se livrares do amor-moeda que suborna o mundo
E que sorrisos sinceros não são comprados com flores,
Quando perceberes que castrar plantas não é nada romântico
E que romance é apenas fantasia da hello kitty.
Que não há príncipes ou princesas
Nem cavalos brancos
(no máximo um jegue e uma espada de plástico),
Pode ser que nesse momento, se inda respirares ou fores inda humano,
Você sinta (e não perceba ou entenda),
Sem fantasias de carnaval ou imãs de geladeira,
O que de fato é
Amor sem fim.

(Santos-SP, 13 de abril de 2008, 3h57min)


(Manoel Guedes de Almeida)


voltar última atualização: 01/09/2009
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