ANJO
Calem-se as paredes e os muros!
Minha cadeira está vazia.
Rondo pelo quarto
e medito dramas,
colho rosas,
planto trigo.
O pão da noite é meu ofício,
e o orvalho é meu vinho.
Nas frestas de luz
escondem-se sombras.
Roupas são vestidas;
corpos, escondidos.
Minhas mãos acalentam a noite
e o sangue das madrugadas.
Sou minha própria máquina
de escrever:
penso, digito, ajo
como se fosse anjo
em débito com o papel que escreve.
(Rosy Feros)
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