Um pessegueiro olhou para a castanheira a seu lado e invejou os galhos carregados
de sua companheira.
- Por que esta árvore dá tantos frutos, pensou ele - e eu produzo
tão poucos? Isto não é justo. Vou tentar fazer o mesmo.
- Não tente - disse-lhe um jovem pé de ameixas que lera o pensamento
do pessegueiro - você não reparou na grossura dos galhos da castanheira?
Não vê o tamanho do tronco? Cada um de nós deve dar aquilo
que é capaz. Pense em produzir bons pêssegos. O importante é
a qualidade, e não a quantidade.
Porém o pessegueiro, cego de inveja, não lhe deu ouvidos. Pediu
a suas raízes que sugassem mais alimento do solo, que seus veios transportassem
mais seiva, que seus ramos dessem mais flores e que as flores se transformassem
em frutas até que, ao chegar a época da colheita, ele estivesse
carregado de cima a baixo.
Mas quando os pêssegos amadureceram, seu peso aumentou, e os galhos não
conseguiram sustentá-los. O tronco também não agüentou
aqueles galhos tão carregados de frutas. Com um gemido, o pessegueiro
curvou-se. E então, num grande estrondo, o tronco quebrou e caiu. E os
pêssegos apodreceram ao pé da castanheira.
(fonte: Leonardo da Vinci. "Fábulas e Lendas", interpretadas e
transcritas por Bruno Nardini. São Paulo: Círculo do Livro S.A.,
1972)
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