Há muitos anos atrás, uma águia majestosa morava sozinha
no cume de uma alta montanha. Um dia sentiu que a hora de sua morte aproximava-se.
Com um possante grito chamou pelos filhos, que moravam mais abaixo. Quando viu
todos reunidos, olhou para eles, um a um, e disse-lhes:
- Cuidei de vocês e criei-os de maneira a que pudessem olhar diretamente
para o Sol. Deixei morrer de fome seus irmãos que não suportavam
enfrentar o Sol. Por esse motivo, vocês merecem voar mais alto que todos
os outros pássaros. Qualquer um que deseje preservar sua vida não
atacará os ninhos de vocês. Todos os animais temerão e vocês
jamais farão mal aos que os respeitarem. Deixem-nos comer os restos de
suas presas.
Agora estou prestes a deixá-los. Porém não morrerei aqui
em meu ninho. Voarei para bem alto, até onde minhas asas conseguirem
me levar. Irei em direção ao Sol a fim de me despedir. Os fogosos
raios do Sol queimarão minhas velhas penas. Cairei em direção
à terra e finalmente para dentro d'água.
Porém milagrosamente surgirei novamente da água, rejuvenescida
e pronta a iniciar nova existência. É essa a sina das águias,
é nosso destino.
A essas palavras a águia levantou vôo. Majestosa e solenemente
voou em torno da montanha onde estavam seus filhos. Depois, subitamente, subiu
em direção ao Sol que queimaria suas velhas asas cansadas.
(fonte: Leonardo da Vinci. "Fábulas e Lendas", interpretadas e
transcritas por Bruno Nardini. São Paulo: Círculo do Livro S.A.,
1972)
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