A Garganta da Serpente

Leonardo da Vinci

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Os tordos e a coruja

(Leonardo da Vinci)

Estamos livres! Estamos livres! - gritaram os tordos certo dia, vendo que um homem apanhara a coruja - agora a coruja não vai mais nos assustar. Agora dormiremos em paz.

De fato, a coruja caíra numa armadilha e o homem a colocara dentro de uma gaiola.

- Vamos ver a coruja na prisão! - disseram os tordos, voando e cantando em volta da gaiola de sua inimiga.

Porém o homem capturara a coruja com outra finalidade, a de apanhar os tordos. A coruja aliou-se imediatamente a seu captor, que prendeu-a pelo pé e colocava-a diariamente em cima de uma estaca, bem à vista. A fim de poderem ver a coruja, os tordos voaram para as árvores próximas, nas quais o homem escondera gravetos cobertos de visgo. E assim como a coruja, os tordos também perderam a liberdade.

Esta fábula é dirigida a todos os que se alegram quando um opressor perde a liberdade. Pois o conquistado logo se torna aliado ou instrumento do conquistador, enquanto que todos aqueles que nele confiam sucumbem a outro senhor, perdem a liberdade, e freqüentemente também suas vidas.

(fonte: Leonardo da Vinci. "Fábulas e Lendas", interpretadas e
transcritas por Bruno Nardini. São Paulo: Círculo do Livro S.A., 1972)

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