A Garganta da Serpente

Esopo

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A raposa e o bode

(Esopo)

Certo dia uma raposa caiu num poço e, depois, não conseguia sair de lá. O poço não era muito fundo, mas as paredes lisas estavam cobertas de limos, de forma que, cada vez que a raposa trepava algumas polegadas, escorregava outra vez para, dentro da água, com grande estardalhaço.

Passado algum tempo chegou um bode e espreitou da borda do poço, cheio de curiosidade.

- Que estás a fazer aí embaixo, raposa ? - perguntou ele.

A raposa viu a sua única oportunidade de escapar dali.

- Estás sozinho? - perguntou ela, com ar de mistério - não quero que venham todos ao mesmo tempo. Mas a água deste poço é tão boa que não me canso de a beber. Anda cá para dentro e experimenta. Vais ver que é a coisa melhor que provaste em toda a tua vida.

Sem pensar duas vezes, o bode saltou para dentro do poço e começou a beber avidamente. Passado um bocado achou que, tinha bebido bastante e olhou em volta para ver como iria sair do poço.

- Não há problema, camarada - disse a raposa - pões-te de pé nas patas traseiras e eu trepo para as tuas costas. Se eu conseguir equilibrar-me nos teus chifres, salto do poço para fora. Depois debruço-me e puxo por ti.

Então o bode pôs-se de pé nas patas traseiras e a raposa trepou rapidamente para fora do poço. E, enquanto corria através do campo, gritou para o bode:

- Se tivesses tanto raciocínio na tua cabeça como pêlos tens nas barbas, amigo, procuravas ver se podias sair do poço antes de lá entrares.

Antes de te meteres em aventuras, vê se podes sair delas.

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