Uma idosa cotovia, Que estava quase madura, Já pelos ares se viam De novas aves cardumes, Já seca a seara estava, E o dono da sementeira, "Amanhã começaremos A ceifar os nossos trigos, Foram-se; e pode julgar-se Que susto não sofreriam Quando a mãe veio de fora, Disseram-lhe entre alaridos: Foi o dono destes pães Seus amigos convidar, - Os seus amigos; disse ela, A vossa agonia é vã, Assim foi; que no outro dia Os amigos não chegaram, Voltou no dia seguinte O dono, e entrou a dizer: Para amanhã começarmos, Ide, ó filhos, diligentes, Novos sustos, novas ânsias Os passarinhos tiveram, "Ele convida os parentes!" Disse a esperta cotovia, - Passou-se a manhã, e a tarde, E nenhum apareceu, Então, no outro dia, o dono Disse: "em nós só confiemos, Ide, ó filhos, comprar foices Hoje mesmo no mercado, Quando a cotovia esperta Viu esta resolução, Prontamente os filhos todos Cuadas e voltas dando, Em menos de três semanas, Até sem muita canseira, O velho então conheceu, Vencendo sua demanda, |
(fonte: "Fábulas de La Fontaine".
Rio de Janeiro: Editora Brasil-América - EBAL - SA, 1985)
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