Alguns lúcidos portadores de profundas esperanças acreditam que
a mudança de decadência e miséria do cenário nacional
só é possível através do voto correto. Estão
corretos no pensamento mas enganados quanto ao tempo, pois tal fato só
acontecerá depois de dolorosa convulsão social que está
por eclodir. Isto pode ocorrer entre 20 e 50 anos, conforme o grau de aperto
da corda covarde do Estado que envolve o pescoço da sociedade domesticada
como cordeiro de presépio e anestesiada pela mídia comprometida
com os patrocinadores de campanhas eleitorais suspeitas. Quando não houver
meios de sustentar as barbaridades administrativas em voga, a represa de lama
vai desabar sobre inocentes (os culpados já terão levantado vôo).
Os gestores públicos, confortavelmente instalados nos gabinetes refrigerados,
não produzem nada de palpável para que a sociedade possa desenvolver
em paz sua potencialidade no sentido de elevar nossa qualidade de vida. Apenas
equacionam fórmulas de cobranças de impostos extorsivos sem nada
em troca aos pagantes e brigam entre si para definir a partilha do montante
obtido.
Nossa sociedade é constituída de 90% de miseráveis e necessitados
sem oportunidade que pouco pagam de impostos, pois não possuem meios
de fazê-lo. Existe uma parcela de 0,1% de abastados que também
não pagam, pois trafegam pelas brechas da lei e escoram-se na impunidade
para deixar de cumprir suas obrigações fiscais. Portanto, cabe
à classe média arcar com a carga tributária (40% de seus
ganhos) que sustenta a corja de abutres encastelada no altar do podre poder.
Quando acontecem as eleições não temos opção
de escolher candidatos comprometidos com o bem estar social, pois tais elementos
já são sabotados dentro dos próprios partidos (dirigidos
pelas raposas) e desencantados e sem recursos não conseguem deslanchar
suas campanhas. Eventualmente permitem e dão ênfase à figura
de algum inocente útil que assume um cargo público cheio de esperanças,
mas logo é envolvido pelos caciques dos abutres ou são marginalizados
e camuflados pelo manto negro da sigla que o abriga.
Além do mais, com o advento do uso das urnas-E nos pleitos sem possibilidade
honesta de conferência dos resultados, existem altas oportunidades de
se compor o resultado conforme interesses dos grupos estelionatários
de nossa dignidade.
Portanto, para os pacíficos acomodados iludidos pelo deslumbramento de
índices falsificados que mascaram a realidade de miséria que já
atinge nossas portas, só resta uma forma de emitir um grito silencioso
e audacioso, mas de alto poder de impacto se for executado numa grandiosa parceria
cívica desnudada de vaidades: votar NULO.
Se conseguirmos 51% de adesões, ainda que distorçam as interpretações
das Leis (escritas por eles, sem nossa participação), estaremos
mostrando ao mundo que nossa paciência esgotou e que estamos prontos para
varrer as ratazanas gordas que infestam os palácios suntuosos e abastados
de nossos dirigentes públicos.
Vamos enxotá-las com coragem e certeza de estarmos exercendo a verdadeira
cidadania que deixará nossa alma alimentada de alegria, já que
a barriga está vazia.