Os rios passam e não voltam para novos encontros com as partículas
que se detiveram e formaram sedimentos nas curvas.Não voltam jamais e
não se arrependem. São impelidos para a frente pela força
da natureza. Eles aceitam e cumprem sem relutância o seu destino. Enfrentam
obstáculos, passam por montanhas, por pedras, por corredeiras perigosas.
Os homens também passam. O espírito de aventura os impelem para
a frente, sem olhar para trás. Mas o arrependimento, a afoiteza, a saudade,
quase sempre, fazem com que voltem; ou para saborear vitórias passadas,
ou para tentar transformar derrotas, ou, tão somente, para contemplar
desgraças que não se apagaram das lembranças. Até
os criminosos voltam ao local do crime...e quantos corações machucados
pelo amor não voltam em busca de novas sensações e experiências?
Ao contrário dos rios, os homens não aceitam. Procuram para si
um mundo idealizado, conforme o modelo de suas fantasias. Em uma coisa, rio
e homem se igualam: ambos buscam a plenitude. O rio consegue ao descer para
o mar. O homem consegue subindo, subindo...até sentir em sua vida a presença
inconfundível de Deus!