A possuída tinha um marido espiritual. Todas as noites ela sonhava com
um velho nu de macacas grisalhas a perseguir-lhe na machamba. Ela corria como
uma louca mas parecia não sair do mesmo lugar. Por fim, tropeçava
e se esborrachava no estrume. Então, o velho nu de macacas grisalhas
ia por cima dela e possuía-lhe com sofreguidão. De manhã,
ela acordava com muitas dores no sexo, a calcinha nos joelhos e uma deprimente
vontade de morrer. A possuída era virgem aos vinte e sete anos! Todas
as noites tinha sexo no outro mundo mas esse não entra nas contas. O
marido espiritual punia, sem dó, àqueles se aproximavam do sexo
dela. Os atrevidos que a tentaram penetrar, são hoje eunucos. Os chupadores
que lhe fizeram sexo oral, têm a boca podre, cheia de feridas. Os que
não sabiam ficaram avisados. Nenhum homem deste mundo tinha mbolo para
enfrentar o velho nu de macacas grisalhas. A possuída perdeu o gosto
pela vida; aliás, nunca o teve. Sentia-se um óvulo não
fecundado; um esboço de fêmea, sem um lugar ao sol deste planeta.
O bilhete de suicídio dizia apenas:
Sinto-me suja ... violada ... Estou morta... sempre estive...
A viagem foi longa e cansativa. Havia um extenso engarrafamento na estrada que
liga a terra ao inferno do diabo. Milhares de machimbombos fretados por Satanás,
a caminho do buraco de lava, com pecadores lá dentro. Mas quando ela
chegou ao destino, havia um ansioso homem nu, de sexo levantado, esperando por
ela na machamba; era o homem dos seus sonhos: o velho nu de macacas grisalhas.
O ancião recebeu-lhe com o sexo. Despiu-lhe lentamente, deitou-lhe no
solo húmido e possuiu-lhe, devagarinho, como se o fizesse pela primeira
vez.