Se alguém acha que o título está relacionado com a raça
dos políticos, enfie a viola no saco e não perca seu tempo. Melão
é apenas o nome da fragrância de hoje. Há quem não
goste. Retorça o nariz. Mais doce do que o de pitanga, meu preferido. Nem
sei porque. Porque minhas esquisitices combinam mais com os cheiros um tiquinho
mais atrevidos, quem sabe, até, com um masculino da linha "Sr. N".
Uma das esquisitices é ficar com o roupão de banho como se esse
fosse um dos vestidos. É que alguns desses roupões devem ter missão
mais interessante na vida do que a de servir de balsa entre o banheiro e o closet,
e este de hoje, com certeza é um dos. Estamos assim: ele, o roupão,
vermelho escandaloso, listrado fininho com o azul do alto mar, e eu, assumindo
o treino de subir pelas paredes. E como não sou a Mulher Maravilha e nem
queria, creio que restou a personificação do Homem Aranha, ao vivo
e a cores. É isso aí. Homem Aranha afrescalhado, de peito, coxa,
um quê de rebolado, cintura, não me toques e o escambau.
Também não percam tempo imaginando as cortinas fechadas e meus
pés num 36 arrastando-se pelo corredor mal iluminado. Não! A luminosidade
e a eletricidade são de gata com o nariz enfiado em alguma das tomadas
da casa, prontinha para pular e arranhar de cima até embaixo, e com alma
de onça recém provocada. Cabelos soltos, penteados com as pontas
dos dedos, olhar aguçado, sapatilhas e lá vamos, o roupão
e eu, pra lá e pra cá.
O Homem Aranha, digo, o roupão, belisca-me na altura das canelas, o
atrevido, e suas narinas no estilo mais para africano, digo, as suas mangas, balançam-se
abrindo-me o caminho; 1-2, 3-4 / 1-2, 3-4, direita à volver! Computador,
texto, CD, RAPD, RFLP, EIA-PCR, versos e etc.
Dezessete horas e a gata sem medo de escaldado vai ao segundo banho. Qual será
o próximo roupão? E o perfume: maçã, rosas, pitanga,
cereja, lírio? Quem sabe, melão, novamente...
Ah! E antes que me esqueça: danem-se os políticos, os vestidos
apertados, e quem não gostar de perfumes adocicados.
(07/07/04)