Li uma crônica de Martha Medeiros: "Amor de Fã". Fala
do amor que as fanzocas têm por seus ídolos, em geral adolescentes,
entre elas algumas adultas. Ela fala, como sempre, com muita propriedade, sábia
nata que é. Concordo com ela em gênero, número, grau, e
aconselho a leitura dessa crônica.
A mim, ela tocou profundamente por dois motivos. Primeiro: sempre detestei
essas manifestações de fãs fanáticas (seria pleonasmo?).
Segundo: pensei muito, no correr da leitura, em minha sina de fã dos
meus amores.
Então, respondo ou comento aqui algumas palavras de Martha:
"Você passaria a madrugada em frente ao prédio do seu namorado,
esperando ele abanar da janela?"
- Penso que não passaria, mas morro de vontade de fazê-lo e, se
o fizer um dia, sei que valerá muito a pena.
"Você escreveria para seu marido um bilhete com dois quilômetros
de comprimento, escrito de ponta a ponta 'te amo, te amo, te amo'?"
- Jamais faria isso. Mas, se somados os "te amo" e "te adoro"
que já escrevi ou disse a ele, penso que passarei dos dois quilômetros...
E, felizmente, digo dele o mesmo... E mais, nossos "te amo" são
plenos de significado.
"Você arrancaria um pedaço da camiseta dele com os dentes,
choraria convulsivamente ao vê-lo sorrir, passaria fome e frio em troca
de um rabisco feito por ele?"
- Não, eu não faria nada disso porque acho insano e ele certamente
me internaria em algum manicômio... Mas gosto de acariciar e cheirar a
roupa que ele vestiu, muitas vezes chorei de emoção diante de
seu sorriso, guardo carinhosamente tudo que dele me vem.
"Amor de fã é passional, ardente, insaciável."
- Acertou em cheio... meu amor é passional, ardente, insaciável.
Não sou nada moderada no amor. Tenho vontade de declarar ao mundo o amor
que sinto por ele, gritar em autofalantes, escrever com letras garrafais em
outdoors gigantescos, pichar nos muros todos da cidade, distribuir panfletos
pelos botecos da vida, montar palanques e ler em voz alta, para as multidões,
os poemas de amor que a ele dedico, e outras loucuras mais. Mas, é claro
que me contenho... Amo desmedidamente, mas ainda estou em meu juízo perfeito.
E me contento em aninhar-me em seu peito macio e peludo, sussurrando baixinho
tudo que eu não grito... ao mesmo tempo que recebo seu carinho...
Mas, se meu amado fosse um famoso qualquer, certamente perderia a oportunidade
de ter-me como sua fã... Eu jamais alimentaria a vaidade de ninguém
com o descontrole de minhas emoções. Sou apenas louca, não
histérica!