Caça
Esporte que consiste em perseguir e capturar (e ou abater) aves e animais terrestres
sem fins comerciais, diz a Enciclopédia, etc., etc. ...
Um pouco de História
O Antigo Testamento menciona povos caçadores em contraposição
aos hebreus, mais voltados para o pastoreio.
Os egípcios dedicavam-se assiduamente à caça, munidos de
arcos, redes e lanças de arremesso denominadas venábulos, e utilizavam
cães amestrados.
Assírios e babilônios, tal como os persas, tinham parques reservados
à caça.
Na mitologia grega, Castor, filho de Zeus e Leda, foi pioneiro na arte de perseguir
animais a cavalo; Órion, filho de Posêidon, ensinou os homens a
caçar à noite, emboscados.
A Cinegética, de Xenofonte, foi o primeiro livro a tratar pormenorizadamente
da arte da caça.
Ao tempo do imperador romano Augusto, as caçadas se faziam com cães
e cavalos.
Os gauleses usaram o galgo, tomado aos romanos, e em Bizâncio se empregava
a falcoaria, caça com falcões amestrados que se difundiu depois
entre os povos germânicos.
Na Idade Média, a caça tornou-se diversão predileta e exclusiva
dos nobres, vedada aos burgueses, e adquiriu um aspecto normativo até
então desconhecido: os senhores feudais, dedicados à perseguição
de animais selvagens, consideravam desprezível o emprego de armadilhas,
alçapões e redes, etc., etc., etc. ...
Caça no Brasil
Antes do descobrimento, os indígenas e mais tarde os brasileiros do interior
tiveram a caça como uma de suas ocupações mais constantes.
Os índios caçavam com arco e flecha ou métodos primitivos:
armavam mundéus, que faziam desabar troncos sobre animais, ou cavavam
buracos, tapados com folhas, nos quais a caça caía. Também
apanhavam aves, usando laços na ponta de varas.
O primeiro livro brasileiro dedicado ao assunto é A caça
no Brasil, ou Manual do caçador em toda a América tropical, de
Francisco Adolfo de Varnhagem, publicado sob pseudônimo no Rio de Janeiro,
em 1860. Três anos mais tarde apareceu a Escola de caça ou Monteria
paulista, de Joaquim Paula Sousa.
A caça no Brasil central, de Henrique Silva, chama
a atenção para a crescente popularização da caça,
"única feição esportiva genuinamente brasileira",
segundo o autor. O livro informa que o comércio de armas e munições
triplicou desde meados da década de 1870 até o fim do século
e destaca a participação de ingleses, franceses e alemães
nas chamadas caçadas de domingo. O traço comum revelado por essas
obras foi o comportamento predatório e impiedoso dos caçadores,
que supunham inesgotáveis as reservas de caça, etc., etc., etc.
...
Meu bisavô (senhor de sesmaria) gostava de em suas horas de folga (ainda
não existia lazer) de seguir os ensinamentos de Órion (segundo
meu avô não gostava de caçar com cachorro por achar muito
destruidora [ainda não existia predatória]); meu avô (senhor
de engenhos) gostava nas suas horas de folga também seguir os ensinamentos
de Órion e não permitia que em suas propriedades se cortasse uma
vara (a não ser para uso específico) pois achava que destruindo a Flora destruía-se a Fauna (mesmo não tendo
a moderna consciência preservacionista que prolifera
entre os burocratas entendidos).
Herdei do meu avô o gosto pela Caça e a praticava até hoje,
isto é, não mais a Caça e sim o assassinato cruel e impiedoso de animais silvestres. (segundo os "entendidos" de preservação ambiental que os elevaram a categoria de gente, como fez o saudoso Magri, o Imexível, com o seu cachorro.)
Para nós, os homo sapiens que evoluímos dos primatas, - pois os
que foram criados no Éden são outro departamento, - se faz necessário,
por atávico, o ato de caçar.
Caçavam nossos ancestrais e caçamos nós. Caçamos
caça, é bom que se diga, e não benesses como os homo vadius (os do Éden que receberam, por doação, tudo pronto e de graça, conforme Gênesis 1:28, 30) acostumados por atavismo, a receber de graça e multiplicarem-se, digo proliferarem-se.
(Cá pra nós: Suspeito que o homo colarinhusbrancus e homo anãusorçamentus que proliferam assustadoramente, evoluíram
deste homo vadius e como caçadores de benesses as renomearam por: Propina, Toco, Cala-Boca, Molha-mão, etc.,etc....)
Mas estávamos falando de caçar, isto é, de um dos momentos
prazerosos em nossas vidas que desejamos sempre e sempre revivê-los e que agora por
força de lei foram tornados criminosos.
Momentos outros há, eternizados por tratarem-se de algo especial e único, portanto nunca mais repetidos, e devem ser saboreados quando se apresentam, em toda sua plenitude.
O primeiro beijo? O último beijo? A primeira cueca? A última cueca? A primeira comunhão? A última comunhão? O primeiro assalto? O último assalto? O primeiro tiro? O último tiro? A primeira espingarda? A última espingarda? A primeira namorada? A última namorada? O primeiro casamento? O último casamento? (vamos parar por aqui pois já estamos a pensar em...) A primeira propina? A propina seguinte? (Só para os do Éden, e não há última propina)
Todos são momentos prazerosos mas nenhum se iguala a uma... Esperada
de Cutia ou de Acuchi, ou Acuti, ou Aguti.
Cientificamente Cutia é o nome comum a várias espécies
de mamíferos roedores da família dos dasiproctídeos, gênero
Dasyprocta. Típicas da América tropical, vivem em tocas nas matas,
capoeirões e capoeiras, possuindo hábitos diurnos ou noturnos
dependendo da região.
Para evitar dúvidas eis a foto da fonte primordial do prazer, ou melhor,
extasiante, ou melhor, celestial, ou melhor, divinal.
Há uma observação importantíssima: A Cutia é
o indicador de Flora intacta, ou melhor, de nenhuma ou quase nenhuma nefasta presença do homo sapiens, ou melhor do (nunca vai ser vista na Usina) homo vandalus.
Esperá-las é algo que somente um verdadeiro Caçador entende. Digo Caçador (com C maiúsculo) pois somente assim considero os
de Espera, pois o resto é... predador, ou melhor homo vandalus.
Caça de Espera (a menos predatória para a Flora e para a Fauna)
consiste em localizar a caça em seu habitat com conhecimentos adquiridos
pelo próprio Caçador (sem qualquer outra ajuda) e armar uma tipóia
(pequena rede própria para esperar confortavelmente sentado, dando até
para cochilar) entre os galhos de árvores ou moitas fechadas, tendo o
extremo cuidado, para não modificar o ambiente, pois a caça facilmente,
percebendo a alteração, não entra (estar em posição
de tiro), inviabilizando a caçada.
Além do mais o contato direto com a Natureza, transforma o Caçador
em um verdadeiro "Bom Selvagem" dando a ele a possibilidade de readquirir
as "Virtudes Primitivas", pois o que menos conta na Espera, é
o abate da caça.
Há várias caças que podem ser esperadas, entretanto nenhuma
proporciona maiores possibilidades de prazer que a Cutia.
Primeiro, porque esta espera pode ser feita tanto de manhã (do clarear
até as sete horas) ou a tarde (das dezesseis horas até o anoitecer). Segundo, porque em cada horário escolhido as possibilidades de prazer
são inumeráveis e com cenárias opostos. Terceiro porque devemos estar a mais ou menos dez metros de altura para que
evitemos ser vistos pela Cutia, o que nos dá uma visão privilegiada
de tudo que nos cerca.
Em qualquer atividade (pelo menos para mim) o mais importante é a possibilidade
da realização do objetivo do que a realização propriamente
dita e no caso da caça, o abate, entretanto na esperada de Cutia a primeira
hipótese é o que realmente importa.
Durante o horário matutino com o lusco-fusco da madrugada percebe-se
a transmutação da noite em dia e com ela uma variada gama de sons
e imagens.
Normalmente à primeira claridade, a Sabiá Branca da Mata dispara
o seu alarme num quéquéquéqué histérico e
duvidoso. (normalmente o faz a troco de nada.) Sua credibilidade deixa muito
a desejar e por isso eu a apelido de... Autoridade Política.
Movimentos suspeitos e anormais são detectados pelos Serradores com seus
piados de Baby, baby, lá vem, já vi; mais as Garrinchas com seu
característico atarraxar, atarraxar, atarraxar; e mais os Quebra-Birro
(Bilros) com seus característicos tá tá tá tá.
Vez por outra vemos aos raio do Sol gotículas de orvalho pendentes das
folhas tangidas suavemente por quase imperceptível brisa, se metamorfosearem
em efêmeros brilhantes. Teias de aranhas que aprisionaram minúsculas gotas de orvalho quando atingidas pelos raios do Sol mostram colares de translúcidas gemas preciosas. A suave morna brisa matutina dissipa aos poucos a névoa da madrugada
e com o clarear nota-se o contraste entre o vivificante verde das folhas vivas
e o melancólico marrom das folhas mortas.
Há em uma mata uma harmoniosa desarmonia de troncos, hastes, galhos,
ramos e folhas que somente é conseguida pelo acaso. Todos os tons e semitons estão rigorosamente dentro de uma escala melódica
celestial incapaz de ser reproduzida.
Os primeiros minutos matutinos nos dão a possibilidade de presenciarmos
toda as modalidades de nascimentos, ou melhor, todo o vir à luz. A bruma matutina dissipando-se faz com que o encantador mistério das
formas fantasmagóricas criadas pela escuridão seja quebrado e
que venha à realidade simples aglomerado de folhas, ou ramos distorcidos,
ou pequenas moitas rasteiras, ou qualquer outra possibilidade de imaginar que
nos proporciona as trevas. A passagem da escuridão à claridade é análoga a
passagem do sentimento à razão, do empírico ao científico,
é o fim da possibilidade do benefício da dúvida.
O que o Caçador de Espera de Cutia tem a seu favor é a altura
(quanto mais alto estiver, melhor) e a imobilidade (quanto mais tempo permanecer
imóvel, melhor), pois o sentido da visão em uma Cutia é
algo impressionante e ela detecta o menor movimento, e quando este não
lhe é familiar...babau, emite uma espécie de apito e com dois
ou três saltos espetaculares... evapora-se do teatro de operações.
A entrada da Cutia é normalmente anunciada pelos Serradores e Garrinchas
sempre atentos a qualquer novidade no chão da mata.
Durante o horário vespertino com o findar do dia se percebe a transmutação
do dia em noite e com ela uma variada gama de sons e imagens que aos poucos
vão se tornando enigmáticos...
Há instantes diurnos ou noturnos, que pára o inseto, pára
o pássaro, pára a ave, pára a brisa... tudo pára. A Mata assunta.
O silêncio é mistério e é mais mistério à
noite, e... pára até estes devaneios em virtude do que trata a
C.F. no Capítulo VI no Art. 225 no seu inciso VII - proteger a fauna
e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco
sua função ecológica, provoquem a extinção
de espécies ou submetam os animais à crueldade, e regulamentada
pela Lei 7.653/88 que no seu Art. 34 torna crime inafiançável
e apurado por processo sumário, pois para tal prevaleceu o ideal preservacionista"
dos constituintes de 88 descendentes do homo vadius ou mais especificamente
do homo Mazama Americana.
Prometo de pés juntos não mais caçar animais silvestres,
entretanto vou aprender com os milhares de "otoridades", fiscais, anões
orçamentários e outros "caçadores"a continuar
caçando a caça que eles caçam, pois estão dentro
da... legalidade. (Dedos em cruz...beijinho, beijinho).