Observar o relacionamento das pessoas entre si e o relacionamento das pessoas
com as forças naturais fascina.
Os fenômenos causados por forças naturais são algo que desde
os primórdios da raça humana têm suscitado controvérsias
e cada pessoa, ou grupo, ou sociedade procura explicar da melhor maneira, mas
sempre como algo sobrenatural ou pelo menos movidas por algo sobrenatural. O
que não entendem e de certo modo causa-lhes temor procuram sempre divinizar.
Quando o nosso ancestral mais remoto sofria o impacto de uma tempestade com
ventos fortes, chuvas, raios e trovões por certo ele atribuía
àquele evento causas sobrenaturais e estas causas por falta de uma explicação
mais racional, foram divinizadas. Até aí tudo bem, pois predominava
o mítico. O animismo, sistema que atribui alma a todas as coisas e fenômenos
naturais, capazes de agir conforme uma finalidade foi tomando vulto.
Posteriormente, no período místico, estas "divindades"
foram deixando de ser tão atemorizantes, em virtude de avanços
tecnológico e científico, podendo ser personalizadas. Estas personificações
foram possíveis tendo em vista comparações com atividades
humanas: raios e trovões tempestuosos a fagulhas e ruídos produzidos
na forja de um ferreiro, por exemplo.
Esta "divindade" finalmente personificada não perde suas proporções
divinas. O simples mover de uma saia podia agitar os ventos; o brandir de um
machado produzia raios e trovões; um esguicho de leite podia criar uma
galáxia. Complicado, mas "racional".
Um pouco mais adiante os ancestrais notáveis foram sendo paulatinamente
transformados em divindades que dominavam todas as coisas e produziam os fenômenos
naturais. Esses ancestrais divinizados necessitavam de oferendas em forma de
alimentos para se manterem e presentes para serem aplacados quando se irritavam.
As virtudes e os defeitos humanos foram sendo agregados às divindades
a ponto de elas se confundirem com pessoas normais.
As divindades de todas as seitas e/ou religiões se personificaram e se
mesclaram as outras divindades com maior número de seguidores. Sincretismo
era a palavra de ordem. O "adapta-te ou morre" darwiniano foi largamente
usado. O ser humano deixou de ser mítico, ou místico para ser
fiel. Fiel ou adepto de uma modalidade de crença.
Modernamente arremedos "tradicionais" das religiões animistas
proliferam em todos os cantos da Terra. De esquina em esquina se encontram deuses/santos/gênios/
intervindo no dia-a-dia das pessoas ajudando-as até a atravessar ruas
e avenidas ávidos por oferendas/preces/mantras transformados em reais.
A mim, muito me entristece a exemplo das religiões "cristães"
caça-níqueis televisivas, ver pela web "sacerdotes"
de cultos animistas fazendo consultas divinatórias e prescrevendo "presente
aplacadores(=aplicadores)" mediante depósitos bancários...
Triste, triste mesmo.