A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Veneno Crônico - A Garganta da Serpente
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Procriação

(Géber Romano Accioly)

Os seres que compõem a biosfera procuram-se para, primordialmente, perpetuar suas espécies. A estes encontros, nós, os seres ditos superiores e filhos dos vários deuses, denominamos: Relacionamento. Há outras formas de relacionamentos as quais não abordaremos neste texto.

Se for possível antes de estabelecermos relacionamento com a nossa outra metade para o "até que a morte os separe" devemos prestar a atenção ao físico de seus genitores, pois fatalmente ela irá copiá-los depois dos quarenta.

Inicialmente ao "bater-se o olho" na nossa "outra banda da fruta" há fisicamente sinais que podem ir de simples arrepios até "badaladas" ou "aguaceiros" dependendo do shesho, craro! (trataremos especificamente daquela "outro taco" com sexo físico e mental oposto ao nosso)

Vamos à caça...

Piscares de olhos, movimentos sincronizados, abordagem, toques discretos, encontros de mãos: Namorico. (trata-se do namorico ancestral e não do hodierno: - Foi bom meu bem? Como é seu nome?).

Papos intermináveis, beijinhos, apertos de mãos, sondagens financeiras (por parte do shesho frágil, craro!), - Só vou se você for! - Cê que sabe! - Papai quer te conhecer...: Namoro. (modernamente o último item é impossível em virtude da "produção independente" por parte do shesho já não tão frágil).

Conhecimentos familiares, presentes, sonhos, planos para futuro, - Fica mais, é cedo!, ciumeirinhas, beijos, "amassos" a toda hora e em todos os escurinhos, promessas, juras, -Não, aí não, é perigoso, só depois de casar, ora!, - Aí pode! Estamos ansiosos e esperançosos: Noivado.

"... Até que a morte os separe.": Finalmente felizes: Casados.

Sexo adoidado a toda hora, mil posições, prazeres inimagináveis, raras visitas familiares, luta diária, planejamento familiar, controle de despesas, rusguinhas, ciuminhos, enjôos e desejos, primeiro rebento: Até o segundo ano.

Cuidados com o rebento, alegrias paradisíacas, visitas familiares, vigílias intermináveis, corres-corres, emergências médicas, gastos extras, ciúmes, dores de cabeça, sono eterno, dores na coluna, sexo rarefeito e de qualidade razoável, outro rebento... : Até o quinto ano.

Brigas, ciúmes exagerado, desconfianças, sexo obrigatório e de má qualidade, visitas constantes dos familiares, ameaças de separação, desrespeitos: Até o décimo ano.

Depois do décimo ano tudo é lucro: Separações e reconciliações, promessas de nova felicidade, tédio, rotineiramente sexo esporádico de péssima qualidade nos intervalos das novelas (na base do "vai me usar" hoje?) ou sexo adoidado a toda hora (curtíssimos períodos depois de presentes valiosos), descaso, traições conjugais, passeios para levar os filhos para passear, (Sozinhos? Deixar as crianças? Tás doido?), períodos de paraísos celestiais e períodos de inferno dantesco, estabilidade financeira, (não havendo este item o casório vai pro brejo e se atola e morre), rotina habitual, automática e profundamente entediante, ** "todo dia ela faz tudo sempre igual" **, marasmo, "se arrependimento matasse" (esta frase é crudelíssima), períodos de silêncio, indiferença na base do "pra mim tanto faz como tanto fez!"... Casamento estável. (Muito importante nesta fase é que ambos tenham o mesmo padrão cultural e o mesmo nível de escolaridade [neste último item o "sexo forte" pode ser um pouco superior, mas nunca o contrário senão o "sexo frágil" se manda por superação])

Quando este "casamento estável" se prolonga por décadas: Estamos em união perfeita.

Perfeita! Perfeita? Perfeita?!