A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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Brasir, de mar a peor!

(Géber Romano Accioly)

Tudo o que foge à regra geral, a normalidade, ao padrão aceito pela maioria durante um certo período, é rotulado de mau gosto, de brega, de "trash", mas não chega a preocupar uma comunidade por ser o mau gosto a preferência de uma minoria, entretanto quando esta preferência começa a aumentar se faz necessário uma correção.

No Brasil varonil a preferência pelo que não tem boa qualidade vem se tornando a regra geral e deveria estar preocupando as atuais autoridades, entretanto por estarem também contaminadas por este mau gosto "Num tão nem aí".

Há de haver um marco inicial para toda esta preferência pelo mau gosto que modernamente assola o nosso Brasil varonil e acho que ele está localizado no início da década de 1970, quando o bispo canadense Robert McAlister, que aderira ao Pentecostalismo nas Filipinas, fundou no Brasil a Igreja da Nova Vida destinada a fiéis "menos favorecidos" que preenchiam a maior parte dos itens das Bem-Aventuranças.

Como uma reação em cadeia em 1977 foi fundada pelo bispo Edir Macedo a Igreja Universal do Reino de Deus, que em breve passou a contar com centenas de templos, várias emissoras de rádio e TV e milhões de adeptos no Brasil, além de templos em vários outros países e como conseqüência foram criadas seitas televisivas que proliferaram sobremaneira, arrastando milhões de fiéis para este novo "evangéio".

Com as novas propostas de salvação eterna, dirigidas às as classes menos favorecidas, no que tange a boa instrução, o lema do - quanto pior melhor- passou a predominar nas favelas, nas invasões e em qualquer outro local onde se ajuntavam "excluídos" do pecado e "incluídos" nas libertadoras boas-venturanças.

Os deuses passaram a ser uma mercadoria não perecível, e como tal sujeitos às leis de mercado da oferta e da procura. Prêmios e "bonificações" foram incorporados à salvação da alma e a "indústria gospel" foi implantada tendo como base a instrução de péssima qualidade de seus consumidores e conseqüentemente suas preferências duvidosas.

Quando escrevi "Antes Tarde" e grafei: - Tristeza por saber que o Sílvio/Gugu venceu em "bregar" o nosso Brasil varonil quando da vinda do marco, do chaves, das novelas mexicanas e dos "porgramas de oditoro", digo, loterias de "oditoro", onde para o rico, havia o Baú da Felicidade, para o médio havia a Porta da Esperança e para o pobre havia a Rola Entrando, digo, o Roletrando, - eu já estava ciente da reação em cadeia que iria culminar com o Ratinho.

Pertencemos a uma sociedade que é oferecido, pelas "otoridades", o que há de pior em se tratando de cultura, pois centradas na ignorância podem exercerem sua nefasta influência.

Se atualmente a regra geral é o mau gosto o que fazer para "virar a mesa" se a meninada não sabe que a mesa pode ser virada e nem que há o bom gosto?

E agora com o primeiro mandatário não sendo "dotô", diga que deu a gota serena e quem tiver boca para falar que fale, pois já estou ficando rouco! Eu, heim!

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