"... E o animal inferior que urra nos bosques
É com certeza meu irmão mais velho!". (A. Anjos)
De nada nos adianta nos aproximarmos do nosso próximo se na realidade
o que mais importa a nós, é sobrevivermos dentro da máxima:
"Cada um por si e Deus por todos" que na prática se transforma
em: Cada um por si e Deus também.
Temos de aprender de uma maneira ou de outra, que quanto mais nos distanciarmos
do nosso próximo e nos tornarmos individuais mais estaremos fortes e
aptos a sobreviver e, paradoxalmente, poderemos nos aproximar cada vez mais
do nosso próximo.
De nada nos adianta viver se não entendermos a importância da individualidade.
Não falo apenas da individualidade de estarmos sós, mas da individualidade
absoluta. Da individualidade que nos faz fortes o bastante para contarmos apenas
conosco, pois no ser individual está a força e no ser coletivo
esta a fraqueza.
Nos tornamos coletivos à medida que nos sentimos fracos e inseguros,
e nos aproximamos do nosso próximo na esperança vã de adquirirmos
segurança e força. Esse coletivismo nos sai caro à medida
que cada vez mais ficamos inseguros e dependentes. Somente a segurança
da coletividade nos torna fortes. Ledo engano!
Teremos de abstrairmo-nos e procurarmos entender a individualidade do Perfeito
Só (melhor nome que encontrei para o Supremo Tudo).
A condição "sine qua non" para que possamos percorrer
os caminhos que teremos, quer queiramos ou não, de percorrer é
sentirmo-nos absolutamente individuais.
Na nossa corrida evolucionária diferentemente dos bem sucedidos insetos
sociais que valorizam a coletividade, nós optamos pela individualidade.
A individualidade aponta para a evolução e para a força.
Devemos entender que cada instante de nossa existência é absolutamente
individual, mesmo que se nos afigure como coletivo. Nossa historia deverá
ser escrita "sine ira et studio" e individualmente.
Definitivamente evoluímos a partir do momento que entendendo a nossa
própria individualidade e com ela, convivendo perfeitamente, possamos
entender o nosso próximo e com ele conviver.
Sermos absolutamente individuais nos dá a certeza de podermos estar com
o próximo e de não interferirmos e não nos contaminarmos
com sua individualidade. Cada individualidade deverá ser, portanto, individual
e intransferível para que seja única e perfeita.
O estar bem, o ser feliz é algo que se tem de viver. Tem-se que sentir.
Ninguém pode ser feliz ou sentir-se realizado pelo próximo. A
felicidade é algo individual, intransferível, inevitavelmente
pessoal.
Toda forma de coletividade é sintoma de egoísmo. Buscamos no outro
o bem estar, o prazer pessoal. A felicidade em um grupo nada mais é do
que vários indivíduos buscando sua própria felicidade,
egocêntrica e individualmente. É a simbiose de ególatras.
Seria a amizade?
Somos a parte que buscamos em um todo, feito de várias outras partes,
a parte que nos levaria a compreender nossa parte como um todo. Somos seres
que ironicamente buscamos nosso perfeito só em um todo social. Queremos
nos sentir felizes, individualmente, nos lembrando dos momentos que tivemos
em companhia de outros?
A fraqueza da coletividade é tamanha que faz a quem a ela adira cada
vez mais dela fique necessitado a ponto de se tornar uma espécie de prosélito,
de sectário.
Optamos pelo individualismo como forma de sobrevivência dentro da coletividade
e cada vez que perdendo essa individualidade, nos tornamos coletivos, tendemos
a enveredar pelo caminho sem volta da nossa própria destruição.
A ignorância de nossa opção pelo individual faz com que
os mais fracos se tornem dependentes dos mais fortes e esses mais fortes, na
maioria das vezes, usam sua força para a dominação.
Miríades e miríades de seres que buscam segurança e força
na coletividade fatalmente acabam como fantoches nas mãos dos que entenderam
que a força está na individualidade, mas que, infelizmente, a
empregam em seu próprio benefício.
Para que possamos realmente evoluir nunca devemos esquecer que a coletividade
torna o indivíduo fraco e que a verdadeira fortaleza está na individualidade.