O Sol é para todos; a sombra, para o mais sabido (Pop.)
Todos faziam tudo. Local ideal para se viver bem: Víveres em abundância,
segurança perfeita, lazer adequado, igualdade, liberdade, fraternidade,
virtudes sem vícios, nenhuma proibição verdadeiro
Poder Judiciário.
A vida corria tranqüila, sem maiores percalços, entretanto havia
um local especial, com uma sombra paradisíaca, que era, por todos, desejada,
mas não dava para todos.
Um do grupo, que era observador e não estava a fim de passar toda a
vida pegando no pesado, pensou com seus botões: Tenho de arrumar
um jeito de me manter o maior tempo possível em àquela sombra
sem estar saindo para prover-me e fazer com que o resto trabalhe pra mim. Mas
como faço se todos temos os mesmos direitos e deveres? Se eu fosse o
mais forte baixava o pau (como as "otoridades" militares), se eu fosse
o mais rico distribuía propinas (como a classe política), se eu
fosse o mais sábio... (bom se eu fosse o mais sábio não
iria querer passar a perna nos demais, pois saberia que é errado). Não
faz mal: Esperarei uma oportunidade, pois os fins justificam os meios.
Como ele era observador começou a prestar mais atenção
aos demais e percebeu que à noite, ao redor da fogueira, o papo que mais
rolava era fenômenos naturais (chuva, raio, trovão) e a imensidão
do Universo.
Não diga! Berrou a plenos pulmões, uma certa noite, ao
calor da fogueira.
Quequeisso, Cara, pirou foi? Indagou o que estava mais perto.
Não, nada não, somente um negócio cá comigo,
nada de importante.
Eu hem! Comentou outro, que, juntamente com os demais, ficou com uma
pulga atrás da orelha. Estou achando que este finório está
querendo algo e com certeza vai conseguir, pois já semeou a duvida entre
todos e por certo algum ingênuo apoucado lhe dará ouvido, mas...
Os dias foram passando e sempre era inquirido, por um ou por outro, sobre
o danado do Não diga! inexplicável.
Nada, Amados, apenas uma força estranha fez com que eu fizesse
aquilo e acho que no segundo Não diga! eu serei informado,
e...
Menino, não diga que haverá um segundo Não
diga?
Well! Foi assim que entendi, mas deixemos isto pra lá, pois
não quero saber de mais nada e ce fini.
Algum tempo passou e uma seca se abateu sobre aquele local. Uma noite, ao
redor da fogueira, foram surpreendidos com uma chuva com raios e trovões
e um raio caindo por perto ainda chamuscou o "talento" de uma "tinhazinhada".
Todos abrigados começaram a especular:
Viu que coisa! O céu limpo, cheio de estrelas e um toró
daqueles!
Num é mermo, Cara, qui coisa estranha! De onde será que
veio? Quem mandou? Quem, quando, onde e por quê?
Enquanto estavam nesse qüiproquó um segundo Não
diga! berrado por quem berrou o primeiro, (que jazia estático
e duro que nem "pitoca" de noivo), retumbou pela caverna onde todos
estavam abrigados. Foi um +-+-+ nos acuda (ainda não tinham inventado
Deus) e correu nego pra todo lado. Até um pobre de um professor anoso
e inativo, que estava dando uns "amassos", em uma sacrossanta pudica
e pudibunda esposa de um amigo, lá no fundo da caverna, pois estava sobre
os "paradisíacos eflúvios" do Viagra, saiu em desabalada
carreira, aos baques, somente sendo encontrado ao amanhecer do sexto dia, e
mais quebrado que arroz de terceira.
Depois dos ânimos serenados e do "berrador" ter voltado ao
normal, e estar com a cara mais lisa que adolescente evangélica grávida,
todos quiseram saber o por quê do segundo Não diga
e desta vez o agora "sabido" desandou a falar.
Seguinte é este: Aquele raio, que chamuscou o "forever"
da nossa irmã, foi enviado, como aviso, por um Cara Superior, que mora
lá em cima, e se comunicará, a partir de hoje, por meu intermédio,
pois tem notado que todos querem aquela sombra e que esta querência está
causando um certo mal estar entre todos. Se continuarem com esta querência
pecaminosa a seca irá se prolongar até...