A Garganta da Serpente
Veneno Crônico crônicas
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A Propósito do... Bundismo

(Géber Romano Accioly)

Há modismo (seguir uma tendência predominante em determinada época) que passa, entretanto há aquele que por cair no gosto popular, sofre mutações e perdura.

Não existia (e nem existe) o termo Bundismo, registrado nos dicionários, mas nos idos de 97 p.p. eu já o utilizava em meus textos escolares ( Bundismo Moderno )

Na mesma época também lancei o Manifesto do Bundismo (pela Internet enviei para vários programas como "colaborador", mas caiu em mãos inescrupulosas e "coincidentemente" gerou textos e mais textos).

Eis o texto original:

Manifesto

""Está lançado o Bundismo.
Nosso lema é: "Nádegas substitui o talento".

Revisemos a máxima de Juvenal: "Natica sana in corpore sano."

Revisemos o Léxico: Bunda, se for bom; se for excelente será Bundão e sendo "Intelectual" será eruditamente, Glutóide.

Revisemos os Costumes:

Na C. I. (dos humanos portadores da fenda mediana procriadora verticalizada, é claro!) deverá ter afixado um retrato tamanho 18 x 36, da "preferência nacional".

Adentro, digo, adendo: O retrato deverá ser tipo Tia. Os do tipo Xu deverão ser obrigatoriamente, dispensados; deixando o lugar em branco.

Deverão ser isentas de todo e qualquer imposto, as portadoras de uma senhora Bunda; as de bunda mixu(xa)ruca deverão ter os impostos triplicados.

Parágrafo único: Cada miligrama de silicone usado, aumentará a alíquota em 1% (hum por cento).

As tiazinhadas apresentar-se-ão em público trajando duas peças a saber: Chapéu e Tamanco; as mixu(xa)rucadas, trajar-se-ão a saber: Hábito de Abadessa Carmelita, acrescida de Capa de Chuva e Coturno, obrigatoriamente.

Todos os vocábulos classificatórios profissionais iniciados pela oclusiva bilabial surda serão substituídos pela correspondente sonora, por indicarem seres inconfiáveis.

Adendo: Permanecerá o da profissão mais antiga e sublime: Prostituta.

Revogue-se o Pós-Modernismo Medieval, vigente.""

Há aproximadamente uma dúzia de verbetes relacionados com Bunda e há um regionalismo baiano Bundões com significado pelo menos inusitado (vide P.d B).

Havia uma marca de cigarros denominada Continental que utilizava timidamente uma metáfora (um bumbum de shortinho) relacionando Bunda a preferência nacional, e no programa do Velho Guerreiro a chacrete Rita Cadilak seria a piotária (=quen vai na frente abrindo o caminho para o pioneiro receber as glórias) da Gretchem, da Karlinha (a mais veloz bumbumzeira) e tantas outras que mudaram o lema "NADA SUBSTITUI O TALENTO" para NÁDEGAS SUBSTITUI O TALENTO.

Com o Bundismo caindo no gosto popular os baianos "vendo a mina" investiram nas "dancinhas"e a propósito no meu livro "Do Distrato Social (Da Nação pós Cabral),- ed.Universitária UFPE , 2000, - há varia referências ao assunto e apenas transcrevo uma delas: .........

""Após nascer seu terceiro filho, o escribinha, (agora um Escriba respeitado) totalmente voltado para as papiradas, se apaixonou, por uma tremenda morenaça/aloiraçada que dançava... a cobra subi.

Essa dança, muito na moda, na época, era uma variação da dança do ventre (só que não era dançada com o ventre) e fora inventada por um grupo musical de etíopes encantadores de serpentes entediados.

Entre eles, um grupo dissidente, cansado de ver cobras serem encantadas, resolveu que, ao invés de encantar as cobras, seria bem melhor... escondê-las.

Como acharam o balaio onde as cobras se escondiam muito desconfortável para elas, resolveram escondê-las em outro local.

Como o som que fazia a cobra subir, para se esconder, era bum-bum... bum-bum, passaram a chamar: dança do bumbum que esconde cobra. Essa nova dança, inventada em uma longínqua província chamada Barararhia, se espalhou mais depressa que as pragas de Moisés, por todo o Império e até por Impérios vizinhos, fazendo um tremendo sucesso entre os simpatizantes do escondecobrismo.

Posteriormente, foram inventadas pelos mesmos dissidentes, outras danças baseadas no mesmo som e ritmo e com a mesma finalidade; todas dançadas com o bum-bum... bum-bum para esconder cobras.

Alguns líderes das novas danças, desenvolveram uma modalidade toda especial de cantar nesse novo ritmo: Com a língua presa e fanhosamente. (havia outros líderes, naquela época, que não eram bumbumzeiros [ou eram e ninguém suspeitava] que também, tinham a língua presa, entretanto eram... políticos opositores e sindicalistas).

Essa morenaça/aloiraçada fazia parte de um desses grupos de bumbumzeiros escondecobristas.

Tinha um fazedor de cobra subir que era um monumento e, apaixonado como estava, o Escriba, queria dar uma nhanhadinha.

Mas aonde levar a bumbumzeira? (ainda não tinham inventado os paraísos dos amantes... os motéis, pois não existiam [por incrível que pareça] otoridades corruptas, juízes, coronéis e políticos que os financiassem e os legalizassem)

Casa de amigo? Nem pensar! E sua honra!?

Meditando nhanhescamente constatou que nunca mais dera uma nhanhadinha com sua sacrosanta e fidelíssima esposa. ........""

Para não ser prolixo as "dancinhas" baianas caíram no gosto dos iniciantes "Bunbunzeiros(as) escondecobristas", hodiernamente "Poposudas" e é uma verdadeira epidemia nacional.

Num país como o nosso com as mais variadas tendências culturais, com um crescente índice de analfabetismo cultural, com uma alarmante má distribuição de rendas, com uma crescente favelação da Classe Média, o uso desse tipo de prazer (agitar vigorosamente e violentamente a bunda) agigantou-se no gosto popular e : "Vox populi, vox Dei".

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