Somente pensava... naquilo. Desde que se entendera por gente só pensava...
naquilo.
Tentou tudo: Religião, dinheiro, saúde, mulheres, viagens, guerras
e rumores de guerras, americanos, palestinos, israelenses, negros, brancos,
amarelos, não havia jeito: era somente...naquilo.
Estudou, graduou-se, pós-graduou-se, mestrados, phdês, honoris
causa, imortalidades, mas não havia jeito: era somente... naquilo.
Decidiu desvendar aquele pensamento fixo, e, estudando sua árvore genealógica
chegou ao seu mais remoto ancestral sumeriano, um soldado, mas decepcionou-se,
pois ele também só pensava... naquilo.
Era persistente e resolveu ir a um terreiro de macumba, e ali descobriu-se em
sua primeira encarnação neste planeta de expiação
chamado Terra, entretanto constatou que somente pensava...naquilo.
Foi para a Índia, estudou o Hinduismo, iluminou-se, elevou-se aos planetas
felizes, e por lá se encontrou pensando somente... naquilo.
Não era possível, logo ele que era bom, pois nunca havia querido
ser nem político e nem tampouco líder religioso, que não
pudesse dar um basta naquilo de somente pensar...naquilo.
Havia de haver um jeito, pois estava com cento e lá vai fumaça
e não iria morrer pensando naquilo sem deixar de pensar naquilo; como
último e extremo esforço morreu, mas o último pensamento
do último instante foi...naquilo.