Nós, os "letrados", são uns chatos de galochas quando
procuram corrigir os que falam naturalmente, sem "frescuras" gramaticais,
a antepenúltima Flor do Lácio. (que me perdoe o Olavo).
Digo "frescuras" em virtude de recordações dos idos
setenta, em São Luís, nas "tertúlias" da Academia
Maranhense de Letras, quando, como ouvinte, ouvia, de um imortal (proprietário
do Hotel Olho d'Água das Cunhãs,) que eu, mero mortal, não
recordo o nome, referências ao "fardão" exigido pela
imortalidade e nas "entrelinhas" uma crítica a algum "letrado
imortalizado e mumificado":
Eu não tolero quentura
Quem veste preto é Urubu
Sou muito mais da frescura
Se pudesse andava é nu!
Observemos o:
- Tu és uma flô, Amô!
- Tu és uma flor, Amor!
Qual a que sai da boca e "entra", ouvido adentro, mais "redondinha",
mais "redondilha"?
A mim, me soa bem melhor a primeira e recomendo a segunda para quem sofre de
"pigarro" crônico.
Muitos "letrados" (principalmente os líderes bregas do "evangéio")
para demonstrar a sua "curtura" carregam no "r" num rotacismo
exasperante de "cassiaheleristas" ou vocalista de banda de rock.
- "Teus zólhos castanhos / De encantos tamanhos / ..."
- "Teus olhos castanhos / D'encantos tamanhos / ..."
Well, é isso aí!
E o título do texto? Elipses mentais? Perguntaria o leitor atento. Seguinte
é esse:
Lá pelos idos quarenta e tarará, quando eu estava iniciando o
passeio por este "planeta de expiação", segundo o Kardec,
às refeições, quando queríamos mais alimento, -
(mesa grande; avô em uma cabeceira e avó em outra; tios e tias
adultos nos seus respectivos lugares; netos (eu, Nino e Nego) perto da avó
(Dinda) [seguindo a ordem de quanto mais novo {Nego} mais perto de ela]) - o
neto caçula, que ficava mais perto da avó, era o "porta-voz"
do resto para pedir mais e a avó perguntava para os demais "esfomeados"
- Vocês querem mais? E sempre o do "meio" respondia: - Nóis
qué, Dinda!
Nóis qué, Dinda! E Dinda ("dindamente" como só
as dindas sabem fazer) nos satisfazia e nunca fez as "devidas correções
gramaticais" sugeridas pelos nossos "letrados gramatiqueiros".
Hoje, anoso e sabedor que o "correto" seria - Nós queremos,
Dinda! (como soa mal) daria todo o resto da minha atual vidinha de "letrado"
para ouvir pelo menos mais um: - Nóis qué, Dinda