Quando a incerteza acerca da realidade de um fato ou da verdade de uma asserção
paira sobre nossa cabeça temos a tendência de aceitar sempre a
mais simplória e plausível "verdade".
Se esta incerteza se refere a algo transcendental, extra físico, incorpóreo
diga que deu a gota serena, pois por certo não paga a pena uma visão
mais racional do problema e partimos para a fantasia.
Ter como verdade ser o Universo regido por leis físicas e não
por um ser supremo é difícil, pois nossos conhecimentos nos compelem
a colocar qualquer problema sob uma óptica dicotômica e nos satisfazemos
em estabelecer "oposições" tipo negativo e positivo,
tudo e nada.
Aceitar que intermediando opostos há uma zona de absoluta neutralidade
e equilíbrio e que neste espaço, há o Tudo/Nada eletromagnético
gerador de opostos e ainda por cima nomeá-lo de deus é muito mais
inconcebível do que aceitar um Supremo Ser antropomórfico (ou
um jovem branco, barbado e de cabelos longos, ou um jovem azul de aspecto delicadíssimo,
ou um ancião barbado e temível) e colocá-los em tronos
de ouro e prata, ou céus de pedras preciosas resplandecentes.
Ser algoísta, em uma maioria teísta, dá um trabalho dos
seiscentos diabos. Além do mais faz com que haja um destaque e ser destacado
do grupo é altamente desconfortável.
Deuses, santos, céus, paraísos, pecados, castigos transcendentais
e outras incertezas que poderiam ser evitadas sob uma óptica racional
são relegadas a um segundo plano em virtude da acomodação
e é esta acomodação que gera o conservadorismo que é
um dos filhos prediletos da Ignorância.
O "Credo quia absurdum", do Tertuliano, justifica plenamente esta
"lei do menor esforço" e do "se fazer de pipa pra poder
rolar" dos acomodados.
Aceitar novas verdades, mesmo que gritantes, é desconfortável,
pois fatalmente irão conduzir a mudanças, e, mudar é o
que o acomodado menos deseja.
Ter uma opinião formada sobre tudo é bem melhor que ser a metamorfose
ambulante do Maluco Beleza.
Estar na segurança do grupo ou da "patota" é comum aos
primatas mesmo que para isso pague-se o preço de incertezas, pois seremos
justificados pelo benefício da dúvida.
Por certo o Sol nasce para todos, mas a sombra fica para os mais sabidos e estão
na sombra os que divulgam as incertezas para que possam ser líderes,
e quando se refere ao transcendental os "administradores do sagrado"
estão no topo da "cadeia alimentar" e o que estão fazendo
com os "duvidosos simplórios" já é caso de polícia.