A Garganta da Serpente
Saliva de Cobra editorial a contragosto

XV Velas



Rodopiando incansavelmente nos precipícios, a serpente putrescente tenta regurgitar a própria cauda para interromper os círculos viciosos que lhe impingiram distanásia.

Depois de mais de mil dias de uma nolição inóqua, o sibilante mal bíblico rasteja em busca de toda sorte de redenção e esconjuro, esfregando as escaras em água benta e as escamas em ramos de arruda.

Há 15 velas acesas sobre seus ventrículos, que bruxuleando vão engendrando antígenos. Para a agonia e a procrastinação. E para cada chama há um pedido sagrado de sonhos que aguardam para ressuscitar.

Pedindo perdão às almas que não sobreviveram à espera, e que a serpente ainda dolorosamente desconhece, mais uma vez nos contorcemos em busca de redenção.

Nas próximas semanas, finalmente, vamos começar a troca de pele para só depois retomarmos as atualizações. Solicitamos a todos que, por enquanto, não enviem novos e-mails nem trabalhos, pois a cobra verde precisa restaurar o corpo para depois retomar o ofício.

Enrolada no terço, cheia de esperanças, sopro as velas.

Agostina Sasaoka.

(18.02.2014)
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