Qualquer discussão sobre a Verdade Universal (chamem-na de Deus, Adonai,
Alá, Grande Mãe, Inteligência Cósmica ou o seja lá
o que for, porque não muda nada - todos eles são os proverbiais
nomes da mesma rosa) está fadada ao fracasso, simplesmente porque:
1. Cada pessoa chegou a seus conceitos após seguir por um caminho absolutamente
individual e solitário, seja este caminho longo e tortuoso, ou tipo miojo
- instantâneo e seguindo as instruções do pacote.
2. Se eu conseguir convencer você de que estou certa e você está
errado, isto não significa necessariamente que minhas idéias são
mais verdadeiras que as suas. Pode ser porque sou mais eloquente, ou porque
minhas idéias são mais concatenadas. Quer dizer, ganha quem tem
mais lábia, não necessariamente quem tem razão.
3. Cada um vê a Verdade Universal da mesma forma como a famosa historinha
dos três indianos cegos perante um elefante: um apalpou a tromba e disse
que o elefante era como uma serpente; outro apalpou a perna e disse que o elefante
era como um tronco de árvore; o último apalpou a barriga e disse
que era como uma pedra. Quer dizer, cada cego apalpou apenas A SUA ÍNFIMA
PARTE DO TODO, e concluiu que o que apalpara era o todo. Estavam errados? Não
- apenas limitados pela sua incapacidade de percepção.
Amigos e amigas, cada um de nós percebe o Infinito, a Verdade Universal,
de acordo com suas próprias limitações, idiossincrasias,
experiências e vivências. A sua verdade é diferente da minha
porque somos ambos diferentes um do outro, e não porque a Verdade per
se é diferente. Nossa percepção individual é que
é o ponto variável.
Vai daí - pegar em pedras e chamar nomes só porque alguém
mais não aceitou o que você disse, então você vai
pegar sua bola e não vai mais brincar, é, no mínimo, infantil,
e no máximo, destrutivo. É deste tipo de atitude que vêm
todas as guerras dos homens.
Amigos e amigas, todos estão certos, cada um de acordo com sua capacidade
de percepção. Ainda que não possamos dar um fim a guerras,
pelo menos podemos, nem que seja por puro exercício intelectual, tentar
perceber o elefante pelo ponto de vista do outro cego ao nosso lado. Talvez
assim consigamos entender um pouquinho mais do que vem a ser o elefante em questão
- a Verdade Universal.
E se isto não pode mudar a situação política, social
e educacional do mundo inteiro, pode pelo menos mudar nossa própria vida,
e a vida daqueles que dependem de nós.
Afinal, um pouco de percepção e entendimento pode abrir mais caminhos
que todas as armas e todas máquinas do mundo.